Eu adoro a carne de pato. Muito mais saborosa que frango, mais exótica e tão fácil de preparar. Mas nem sempre foi assim…
Por falta de costume e por ter sido criada numa casa em que carne de pato era mantida longe, só vim a comer pato quando comecei a namorar o meu marido. Criado em Belém do Pará, pato no tucupi era um alimento de primeira necessidade na mesa da minha sogra. E olha que comecei hard core, porque neste prato a ave não é nada se comparada ao tucupi e ao jambu.
Mas um peito bem grelhado com sua pele crocante e o centro ainda rosado e suculento te leva a um outro patamar de prazer. É orgásmico!!!! E sempre tive a sorte de comer em bons restaurantes em que a técnica francesa foi bem aplicada para que não se torne uma borracha de panela de pressão!
Mas foi o confit de canard que realmente me conquistou, sem volta. Além de deixar a carne extremamente saborosa e macia, é uma das preparações mais fáceis de fazer. Este nome todo rebuscado nada mais significa que os pedaços do pato ficarão horas cozinhando a baixa temperatura em sua própria gordura. Por ser uma carne muito gorda é o método de preparar já que a gordura derreterá e deixará a carne bem úmida e suculenta. E assim poderá ser guardado na geladeira por dias, esperando o momento certo de saírem dali para uma grelha onde a pele ficará dourada e crocante e servido das mais deliciosas maneiras. Vale lembrar que esta é uma preparação totalmente rústica e reconfortante.
Certamente chefs têm um truque para deixar as coxas de pato um prato requintado, mas laborioso. Nesta minha versão, que pode não ser a mais tradicional as partes são marinadas por 24 horas e depois cozidas durante cerca de 3 horas. É isso! E deixando que o pato cozinhe em sua própria gordura derretida, em vez de adicionar litros de gordura extra na assadeira, você tem uma receita que é muito menos custosa, laboriosa e se livra da bagunça e limpeza depois! 😉
Confit de Pato (Serve 4)
Ingredientes:
4 coxas de pato (eu uso da marca Germânia que é extremamente saboroso e vem coxa e sobrecoxa no pacote)
2 colheres de chá de flor de sal
pimenta do reino moída na hora
1 folha de louro
5 raminhos de tomilho (eu adoro pato com tomilho; acho o casamento mais que perfeito!)
2 cabeças de alho cortadas ao meio
Modo de Preparo:
Se o pato estiver congelado, como normalmente é vendido, deixe descongelar completamente antes de usar. Seque bem os pedaços com papel toalha, mas não ouse cortar nem um tiquinho da gordura. Este será o líquido do seu cozimento. E não se preocupe porque você não irá consumi-la!
Forre uma assadeira com papel alumínio e coloque alguns raminhos de tomilho. Tempere as coxas com o sal e a pimenta e coloque sobre o tomilho espalhando alguns mais sobre a carne, juntamente com a folha de louro. Coloque o alho na assadeira, cubra tudo com papel alumínio e deixe marinando na geladeira por 24 horas. Pronto. A parte mais difícil já foi!!!
No dia seguinte, aqueça o forno a 150 graus. Essa temperatura é muito importante pois queremos apenas que a gordura derreta e cozinhe o pato lentamente. Um calor maior que este irá fritar a carne.
Coloque a assadeira no forno e cozinhe por aproximadamente 3 horas, até que gordura tenha derretido e a carne comece a soltar do osso. Retire o papel alumínio e, se o teu forno tiver um grill, coloque as coxas em outra assadeira e deixe por 5 minutos sob o calor do grill para torrar a pele e deixá-la extremamente crocante.
Se não tiver a opção grill você pode dourar a pele em uma frigideira bem quente sem adicionar nada de gordura. Apenas para grelhar.
E voilà. Um dos pratos mais deliciosos e mais fáceis que já preparei! Eu servi com uma salada morna de feijão branco e rúculas. Simples e reconfortante, mas ao mesmo tempo muito sofisticado!
DICAS:
- Você pode dobrar a receita ou até triplicar. Se tiver gordura suficiente guarde as partes de pato submersos nela e coloque na geladeira. Ficará por lá eternamente. Afinal, era assim sua conservação antes da geladeira!;
- Caso não goste ou não encontre tomilho, alecrim é um bom substituto.